sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Meio-dia

Eu estava calmamente esperando pelo meu ônibus na parada quando um vendedor de picolé para para conversar com o cara que também esperava calmamente pelo ônibus dele. O vendedor falou, falou, e eu fiquei com uma certa invejinha de uma simpatia de pessoa assim estar falando com um cara qualquer e não comigo! Olhei, olhei, olhei tanto que, quando ele desistiu de conversar com o rapaz sem receber resposta, me escolheu como alvo! Aí, depois de me assustar um tantinho, notei que:
1) Ele tinha o olho azul
2) Ele tinha a pele morena com uma doença de pele do lado direito do rosto, meio à la pano branco
3) Ele era um banguela e só tinha, na frente, os dois caninos de cima
Ou seja: ELE ERA UM VAMPIRO!!! Se liguem: olho azul, por que, claro, quem é que já ouviu falar de vampiro tupiniquim? E a doença de pele também é perfeitamente explicável, que tipo de vampiro pode se expor à luz do sol sem sofrer algum dano?! Para piorar, ainda tinha os dentes.
Mas não, não parou por aí.
Como eu falei, eu tava morrendo de inveja de vê-lo conversar com o rapaz do lado (isso foi antes de eu perceber a verdade, claro!), deixa que logo depois nem tive mais motivo pra isso porque ele decidiu que eu era uma ouvinte mais atenta. Pois ele começou a falar sobre como só era homem quem matava, porque quem liga para os mortos, se eles foram fracos demais para morrer?! Só os assassinos têm valor, eles têm coragem e são sagazes e sabem defender a própria vida! Ora, ora, covardes os que se deixam matar, esse mundo devia ter só gente capaz de matar, todos os outros são uns imprestáveis, etc, etc, etc. Eu vi um cara que assassinou outro e passou dois anos na cadeia. O que morreu, ah!, já se passaram 16 anos e nada dele! Etc.
Que tipo de conversa seria essa senão a de uma pessoa que bebe sangue à meia-noite e só não está dormindo num caixão nesse exato momento porque, bem, tem que atrair as criancinhas com seu carrinho de picolé para garantir a merenda, hein?! Pode confirmar!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Onda de aniversários

Final de ano é o período mais atribulado de aniversários queridos para mim... E, apesar de nem todos terem passado (falta alguns e ainda nem entreguei o presente de uma aniversariante do dia 10!), venho adiantar umas coisinhas que andei fazendo e que acredito que tenham agradado muito as presenteadas!
Carol fez aniversário dia 22, e a conheço desde 2006. Pouco pra quem já fez 18 anos, é, verdade (infelizmente!), mas acho que nós temos uma amizade e tanto, sei lá.
Na surpresa desse ano, comprei uma cartolina duas vezes maior do que a que normalmente usamos para fazer trabalhos escolares e me pus a juntar os amigos para escreverem! Foi um trabalhão e todo mundo aparentava estar em bloqueio criativo, mas consegui uns recadinhos legais e pedi até de professores! O meu e de Rachel (blusa vermelha) foram os maiores, algo proporcional ao tamanho da amizade, acho, e dá pra distingui-los nas cores vermelha e preta, respectivamente. A parte mais legal foi nós duas termos subido no palco do aulão de véspera da UFC para cantar parabéns e entregar o cartão, nessa ordem! (Por que, sim!, a danada fez aniversário bem na véspera do vestibular!)
Já para mamãe, que também faz aniversário dia 22!!!!, achei que era tempo de fazer uma linda historinha e dizer Eu te amo. Fiz o roteiro e desenhei há um tempão, mas a moldura demorou pra sair e só pude entregar hoje. Ela gostou e é isso que importa! Abaixo os meus dois quadrinhos favoritos, porque foram eles que gastei mais tempo colorindo... (Por favor, tenham o cuidado de não perceber que eu me coloquei dormindo de cobertor no verão!)
Semana que vem já tem outro aniversário, amanhã também e só tô esperando o presente da do dia 10 chegar para fazer uma dedicatória bonitinha... até lá é estudar!

domingo, 23 de novembro de 2008

UFC

Fui dormir cedinho com mamãe e quando deu 5h29, horário em que eu normalmente tô de pé pro colégio, acordei repentinamente e sem um pingo de sono, achando que só podia ser duas horas da tarde pra eu estar assim bem disposta, e, conseqüentemente, que eu tinha perdido a hora da prova. Uma doida! Olhei o celular, constatei que eu sou neurótica e voltei a dormir.
Aí, depois de uma sonequinha, me levantei e fui me arrumar, aproveitei para olhar umas matérias soltas (que não caíram na prova) e fazer carinho nas gatas... Peguei um livro, os documentos, o estojo e a garrafinha d'água que eu comprei antes da prova da Unicamp mas nem abri e fui para a prova.
Os papéis estavam todos certinhos, a água eu não bebi de novo, mas o livro foi uma péssima escolha. Eu só tinha lido o comecinho de Ciranda de Pedra e achado legal, o problema é que depois vai ficando mais e mais angustiante, com direito a adultos enlouquecidos e crianças obrigadas a lidar e amadurecer com isso! E, opa!, eu vou fazer em alguns minutinhos uma prova que depende em 20% do meu nervosismo! Não, não foi legal.
Mas isso eu venci e consegui fazer a prova até calminha (o coração que não!) e tive uma pontuação razoável, possivelmente passável! O tempo todo não conseguia parar de pensar que, se me desse bem, seria provavelmente a última prova de História, Geografia e Biologia da minha vida. O coração só acelerava mais!
Bom, pois é, fim. Eu ia acabar a postagem no parágrafo anterior, mas ele não tinha lá muita cara de conclusão, então fiquem sabendo que esse aqui tem sim e que agora é hora de filmes e morgação!

domingo, 16 de novembro de 2008

Unicamp

Hoje tive minha primeira prova oficial de vestibular, e foi... boa! Ano passado prestei de treineira na federal daqui (e, curiosamente, foi o único ano que ela liberou para treineiros! Sou especial, hihi) e fiz a prova bem relaxada, até levei Mulherzinhas para ler enquanto esperava dar o horário e... passei na 1ª fase. Até poderia ter passado na 2ª se, também curiosamente, eu não tivesse perdido a minha identidade no dia anterior. Este ano, tentando imitar o ritual, levei o mesmo livro, mas tendo lido um só capítulo eu já pus de lado e me rendi ao nervosismo.
Depois de umas boas horas, algumas risadas e dois pedaços de pizza: estou feliz! Acho que fui bem, enrolei umas coisas, mas estou calma e até confiante para futuros vestibulares - o que é certamente novo pra mim, já que, apesar da minha aparente calma, eu estou sempre achando que vai dar tudo errado.
Agradecimentos especiais a todos que demonstraram seu apoio, seja ao vivo, com telefonemas, ou ainda com 33 mensagens privadas - nem todas sobre minhas angústias, mas não se pode ter tudo. E obrigada também a quem não demonstrou mas teria demonstrado de soubesse, ou algo assim!

sábado, 8 de novembro de 2008

Ainda não foi dessa vez

De vez em quando eu topo com esse meu amigo Paulo no ônibus, e nós vamos juntos o resto do caminho até o colégio. Ontem foi um dia desses, e ficamos conversando sobre assuntos variados (ele falou de Sandman, eu, Angela Gutiérrez), até que, na penúltima esquina antes da escola, aparece um cara de bicicleta, que desce da bicicleta, fica na nossa frente e coloca a mão nas calças. Na hora eu pensei: Ah, meu deus, é um tarado ou ele vai sacar um revólver e assaltar a gente? E, como se eu devesse seguir a carreira de vidente, ele sacou um revólver e falou:
– Isso é um assalto!
Pediu que Paulo desse o celular pra ele, e Paulo deu, ainda que pedindo que não ficasse com ele, porque era um celular ruim!, ou ao menos devolvesse o chip. O cara nem quis saber, guardou o celular e a .38 (não, eu não manjo de armas, mas Paulo ficou estranhamente feliz em ter o primeiro assalto a mão armada com uma .38) e subiu na bicicleta de novo.
Como eu espero que dê para perceber nessa curta narrativa, ele me ignorou. Tanto que, depois de chegarmos ao colégio e começarmos a espalhar a história, eu só ousei dizer “O Paulo foi assaltado e eu tava do lado!”. Qualé, essa semana o mundo deu para ser indiferente a mim e me magoar, foi? Mas como ele era um... assaltante!!!!, me conformei.
Enfim: quando o cara tava passando na nossa frente, para pegar a rua do colégio só que no sentido contrário ao nosso, entregou o celular de volta.
– Toma, quero mais não!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Relaxamento e constrangimento

Eu estava pensando que o dia de hoje foi tão legal que caberia perfeitamente em quadrinhos, talvez até duas páginas, só que daqui que eu faça o roteiro, desenhe, cubra e ainda vá ao trabalho de mamãe para poder escanear, já perdi a vontade de me expor mundo afora. Então o jeito é escrever mesmo e não me render a essa sociedade visual!
Primeiro: tive minha primeira vez de acupuntura e foi tão bom! Na verdade não foi só acupuntura, teve um shiatsu e uma massagem terapêutica também, para não deixar passar em branco. Relaxei, devaneei e me deixei ser furada. Algumas agulhinhas deixaram marcas, e a do pulso deixou uma dorzinha, mas moça falou que, apesar de de fato esse ponto ser meio sensível, pode desencadear um monte de coisa legal, tipo estabilidade emocional. E o que é que eu mais preciso a 17 dias do vestibular?
Voltei pra casa de ônibus e, só depois de um banho até demorado, saí de novo, dessa vez para a palestra da autora de um dos meus livros favoritos da lista do vestibular local: O Mundo de Flora e Angela Gutiérrez, digo, o contrário! (Aqui vale acrescentar que vi passar vinte, 20, VINTE ônibus antes do meu chegar na parada. A vida é uma comédia!)
E foi tudo tão maravilhoso! A autora é ótima, deve ter a idade de mamãe, mas é super jovial, moderna, viva e provavelmente um mutirão de adjetivos ainda. Contou um monte de coisa legal, sobre a criação do livro, vivências dela, abriu parênteses, e eu poderia até dizer que 80% do monólogo foi de entrelinhas!
Bacana mesmo foi quando ela começou dizendo que sempre leu muito desde nova (e o que não é nenhuma supresa, porque o livro é uma pseudo-autobiografia, sei lá como definir) mas que não escrevia muito. (E abro um parêntese aqui como o que ela abriu e sorriu, quando se lembrou das primeiras histórias que escreveu, quando estudava no mesmo colégio que eu e o professor sugeriu que todos os alunos escrevessem um livro de dez capítulos! Riu, disse que tinha se esquecido disso, e que conversa maravilhosa que tava tendo ali, se lembrando de coisas há muito embaçadas, e fazendo um monte de inconfidências!) Aí continuou que, na faculdade, pediram-lhe que escrevesse um poema e um conto, pro dia seguinte! E na verdade nem usaram o verbo “escrever”, porque acharam que ela já tinha bastante material. Pois bem! Ela escreveu e deu para que publicassem numa revista. Nunca comprou o exemplar, por pura vergonha! Disse que, lendo como lia, tinha ficado com padrões muito altos, e achava tudo o que escrevia medíocre, ruim, e adivinha quem se identificou? Ahá! Exceto pela parte do “lendo como lia”, porque eu claramente não li nada ainda.
E no final teve filinha para ela autografar livros, e é claro que eu estava lá com o meu exemplar! Ela escreveu meu nome, assinou, tudo muito impessoal, com direito a “cordialmente”, e fiquei levemente magoada. Perfeitamente compreensível, eu sei, me acho uma pessoa madura, tá!, mas não posso nem negar que esperava que... vergonha de contar, então: censurado.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Lixão a mar aberto

Eu sei que nós estamos destruindo o mundo porque eu vivo no mundo diariamente e não tem como não notar todas as mínimas coisas que eventualmente viram bolas de neve (mesmo no Brasil - haha, como sou engraçada!). Mapa do entulho do PacíficoMas eu ainda sou jovem e minhas proporções são pequenas, então eu só pensava na Amazônia, nas avassaladoras plantações de soja, e, por que não?, no chão da minha sala de aula. Bem, é claro que o problema é maior do que isso, nós estamos falando de um planeta inteiro! Pois acabei de ficar sabendo que existe um lixão em alto mar do tamanho do Texas (como eu não estudo a geografia dos EUA, não faço idéia direito de quanto é isso, mas, certamente, é grande o suficiente) no oceano Pacífico, que vai se acumulando e crescendo com a ajuda das correntes marinhas.
E é basicamente isso que ainda não deixou meu queixo voltar ao lugar: um lixão no oceano! Do tamanho do Texas! De plástico que nós ignoramos!! E que os animais comem, porque ele vai se degradando e se transformando em partículas minúculas até parecer zooplâncton, o qual, opaopaopa!, cai na cadeia alimentar e volta pra gente, uma vingancinha da Mãe Natureza.
Peixe de plásticoO mar, será?O pior é que de concreto eu não posso fazer nada, só abrir mais sites e olhar mais imagens. E ver esse vídeo.