Desde que eu entrei na faculdade, eu diria que cada semestre que passo e que eu vivo tem sido o melhor da minha vida. O tempo voa e vou deixando de lado todas aquelas besteiras que antes minha personalidade não conseguia largar. Vou ficando mais confiante e mais próxima (e ainda sempre tão, tão distante!) daquilo que quero vir a ser, cada vez mais contente de ser eu mesma.
Mas vou te contar, viu, esse semestre foi que foi! Tristeza, desânimo, apatia... Nunca tinha ficado tão down desde o terceiro ano e aquele horror de incerteza besta quanto ao futuro! Tantas vezes que, esperando o ônibus pra lá de atrasada pra onde quer que eu estava indo (e nem me importando com isso), ímpetos de choro vieram e se foram com o bater de asas de um beija-flor... Mas isso já foi nos últimos meses. No começo eu só conseguia ficar incomodada de não estar chorando dia e noite (noite e dia) e com todas as pessoas bocós que ligavam aqui pra casa perguntando por mamãe, claro que para consolar-lhe, e que para mim só tinham um Tchau quando eu dizia que mamãe não estava em casa. Me sentia tão estranha. Insensível. E consciente. Por que não podemos ser só sentimento? Ao inferno com a razão! Eu faço Engenharia Elétrica mas acho a matemática uma coisa louca dos diabos, pra quê inventar tudo isso mesmo, hein? Para complicar o mundo, apenas! Por mim ainda viveríamos nos tempos das ocas, ouvindo longas histórias do pajé à noite antes de dormir e pisando em formigueiro para passar pra maioridade. Tomando banho no rio nu e rezando para a lua.
Minha primeira atitude foi: não pensar. Evitar toda essa consciência indesejada, estudar pras provas, ir às aulas e comparecer ao francês (mesmo sem necessidade, já que teacher nunca fez chamada). Aí eu: parei de conseguir estudar pras provas e comecei a ir a apenas 50% das aulas do francês (sem nenhum prejuízo). E comecei a ter os ímpetos de choro.
Meu maior defeito é: ser séria demais. Se faço piada, é porque sou tão séria a respeito da vida que quero ser feliz ao máximo e sei que para isso precisamos rir. Eu levo tudo a sério. Se pareço avoada, é porque minha seriedade me faz levar a vida na boa porque sei que isso leva à felicidade. É uma contradição que me faz bem, mas a seriedade toda me faz mal.
Eu diria que o exato momento em que o luto começou a me abater foi uma noite quando, no ônibus rumo a um show no meu campus (Otto e Céu), algo me aconteceu. Na época eu não entendi muito bem porque fiquei tão abalada, mas de alguma forma percebi que aquilo era muito, muito importante. Quando a gente começa a escrever pra desenlinhar o passado na cabeça, o sentido vem.
Antes, gostaria de falar do destino: eu tive que pegar dois ônibus. O primeiro que eu peguei, embora seja o mesmo que me leve para a faculdade todos os dias, deu o prego no meio do caminho. Desci e peguei o seguinte, da mesma linha. Nesse segundo, entrei e, antes de me sentar, qual não foi a minha surpresa em ser reconhecida pela cozinheira do meu colégio de Ensino Fundamental! Quantos outros pedaços de bolo eu não pedi pra ela! Quantas vezes não consegui repetir o lanche só dando meu sorriso para ela! E ela se lembrou de mim, do meu nome, dos meus hábitos! A moça do lado dela, muito mais jovem, também se lembrou de mim, mas eu não me lembrei dela. Me sentei e descobri que, ao longo de todo o veículo, também havia muitos outros funcionários da mesma escola. Eu morri de medo de me identificar para eles e de não ser lembrada. Mas eles se lembraram de mim, e eu me lembrei deles. Todos desceram na mesma parada, justamente a do colégio (por algum motivo que desconheço, eram quase dez horas da noite, eles iam dormir lá ou o quê? Esquisitíssimo demais, mas juro que não foi um sonho!), e depois eu comecei a chorar. (God from heaven, esse papo de chorar e choro e chorando e chorei está the most bigger breguice. Mas vou continuar, sorry!) Na verdade, agora eu vou resumir: o que me emocionou foi figuras já esquecidas na minha mente terem se lembrado de mim. O que me fez chorar foi eu não estar me lembrando de figuras que certamente não deveriam ser esquecidas na minha mente. Depois de toda a conversa de nãopensar nãopensar nãopensar eu realmente consegui não pensar, e esqueci. Não se esquece a morte dos seus avós. Não se deve esquecer nenhuma morte. O jogo é aprender a conviver com ela.
Hoje fez quatro meses que vovó morreu, mamãe disse que me ama e nos abraçamos na rede.
Fico tão mau de estar escrevendo sobre tudo assim tão explicitamente, me sinto banalizando a morte... Claro que qualquer coisa que eu possa escrever jamais fará jus ao que quer que tenha acontecido a vovó e vovô. Ultimamente tenho sentido que só há valor naquilo que guardamos no nosso coração, sem precisar sair por aí gastando com quem não interessa. Mas também tudo é grande demais pra ficar só comigo. E aí... Me derramo. (Literalmente, já que o radical que eu mais usei aqui foi chor-.)
Poderia escrever para sempre, ainda mais com doce layout novo (até que enfim!!!!!), mas amanhã prova de Circuitos me aguarda como uma facada nas costas, e tem projeto de Microprocessadores para terça, este mais para um fio desencapado (com o perdão da analogia).
2 comentários:
Jana (já te disse alguma vez que toda vez que vou escreve Jana escrevo Jane antes? Acho que, sei lá, tô condicionada a escrever esse nome desde a minha fase Jane Austen), eu gostei muito desse seu post. De verdade. Achei muito bonito, muito sincero.
E o melhor de tudo: achei incrível você ter compartilhado esse post lindo aqui no blog. Porque lá sei como esses tipos de posts tem uma tendência muito grande de ficarem pra sempre escondidos numa pasta dos Meus Documentos.
Enfim.
Eu não tenho nenhum conselho pra te dar, porque sou muito ruim nessas coisas. Então vou me ater o que eu sei, que é julgar coisas bonitas, então, apenas reafirmando, SEU POST É LINDO!
Ah, e também achei esse novo layout muito bonito. Não entendi muito bem essa para do lixo, mas ok, achei bonito.
Como a Irena eu achei o layout bonito, mas não entendi essa parte do lixo. Sobre seu post também achei lindo.
Enquanto lia, no meio, ao falar que esse seu segundo semestre não foi tão legal, logo depois de estar pensando o que pasei neste ano eu pensei "poxa, não é só comigo que as coisas não vão bem".
Ler seu texto me fez muito bem, acho que como pra vc foi bom, colocar todo esse sentimento pra fora e de uma forma linda e sincera.
Nos ultimos dias a eventos de morte tem acontecido com pessoas proximas e tb chego a conclusão de que o luto é um sentimento a ser vivido, faz parte da vida, doi, doi muito, mas com o tempo vai ficando mais suave, apesar de permanecer a falta.
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