terça-feira, 4 de março de 2014

"My mother is the longest love affair of my life"

Ja ha varios meses eu estou me preparando pra ter essa conversa com a minha mãe, que não sai. Não vai ser facil, e estou depositando tantas expectativas de que depois dela tudo estara lindamente resolvido que é capaz de so rolar uma grande decepção. (Ou de a conversa resultar em respostas nada consolantes...) E apesar dessa forte crença de que tudo se arranjara depois, não consigo dar o primeiro passo. Por que é um assunto delicado, porque é meu futuro, porque eu estou tão terrivelmente dividida, porque não se pode ter certezas certas na vida, porque... é dificil.
Enquanto isso, esse meu problema me causa maus humores, falta de vontade e sede de saudade... Como solução temporaria, fui quinta-feira dar aula de desenho numa creche.


É uma creche-orfanato, e as crianças são simplissimas e 100% carentes (de amor, antes de tudo). Ao final, uma aluna que eu pensava que nem tinha dado a minima pra aula chegou me abraçando e agradecendo. Se eles falavam o tempo todo que os gatos deles estavam feios e tortos, é porque so queriam carinho. Dei o meu maximo, escondendo no fundo do coração a minha culpa. Culpa pelos privilégios que eu tive durante toda a minha vida, e por estar onde estou porque nasci do utero da minha mãe e não do de outra mulher. Porque boa parte da minha personalidade e do que eu faço tem como base essa culpa. Da minha escolha profissional aos meus gastos mensais. Minha "falta" de ambição e minha pão-durice. Porque eu deveria me dar ao luxo de fazer tal coisa com tantos milhões vivendo abaixo da linha da pobreza? Eu não preciso disso. Afinal, nem é isso que realmente importa na vida. E o que é que realmente importa?
Ai entra o meu problema. Porque, nesse momento, o que realmente importa pra mim vai contra tudo o que eu sempre acreditei.
Eu preciso falar com a minha mãe pra ela me ajudar a conciliar esses dois eus.