segunda-feira, 30 de março de 2009

Pelo menos sou jovem de coração

Hoje de manhã eu estava calmamente lendo Os Três Mosqueteiros quando Rosa aparece por trás dizendo que viu um cabelo branco em mim.
– Tira então!
Ela tirou.
– Ih, Jana, olha aqui outro! Valha!
Ela começou a arrancar e outros não pararam de aparecer, e eu consegui praticamente rever minha infância quando eu não parava de ter piolho e era ela quem saía catando.
Foram oito fios ao todo. E, pior, sabe aquela história de que arranca um e nascem dois? Pois é, eu realmente me lembro de ter arrancado quatro nos anos passados!
Hora de deixar meu posto de cética e ir me preparando pros futuros dezesseis.

Não dá pra fugir

Com o fato de só ter três meninas na sala eu já me acostumei, e olha que esse cálculo me inclui, mas, sabe, quando chega o fim de semana, tudo o que eu quero é mudar de ares, dar gritinhos e tagarelar.
O final de semana chega.
Lá estou eu rodeada do sexo oposto novamente.

domingo, 29 de março de 2009

Quem falou que ciência exata não trata de amor?

Terça-feira é dia de laboratório, o que também significa que é dia de ficar o dia inteiro na faculdade e almoçar no restaurante universitário, pegando bandeja e comprando refrigerante para não beber água colorida.
A última foi particularmente legal, comemos um salpicão de frango que tinha milho, ervilha e batata (um banquete!), assistimos Wall-E no auditório da Geografia, pegamos uma chuvinha refrescante na ida pro nosso centro, e calminha que o melhor ainda está por vir!
Os laboratórios são bem divertidos, não muito diferentes dos que eu já fazia no colégio, na verdade, mas dessa vez eu uso um jaleco, que tem o meu nome costurado, meu curso, bolsos e me deixa com cara de cientista maluca! E ele é bastante conveniente, considerando que eu já derramei um ácido (bastante diluído! Bastante diluído!) no dedo de uma amiga, e, mesmo ela tendo corrido para a torneira e lavado loucamente, ele ficou afundado como se tivesse um calo. (Por uma semana! Por uma semana!)
Nesse nós fizemos duas experiências: em uma pegamos um pouco de gasolina (que era vermelha! Dá pra acreditar? Carros também têm sangue, afinal) e fomos descobrir quanto de álcool tinha ali, e foi com experiências mesmo, tá, não por telepatia. Teria sido interessante se eu não tivesse derramado gasolina no balcão e no menino do meu grupo e ficado com medo de fazer etapas mais perigosas. Na segunda, misturamos sais em água até diluírem, e depois fomos separá-los, aquecendo a mistura e esperando que eles precipitassem.
Com o primeiro sal deu tudo certo, ou melhor, tudo nos conformes, tudo normal, comum, ordinário. Com o segundo, deixamos o frasquinho na chapa quente, e, quando eu voltei para dar uma checada, vi algo mais ou menos assim, só que bem mais nítido e com flores ao redor, momento digno de clímax:Coração no frasco da soluçãoUm coração.
Da pra notar, né? A foto é ruinzinha, mas dá pra notar.
Um coração, minha gente!
O contorno, perfeitinho, oh, céus, puro amor!
Não, a foto não está uma maravilha, o celular da minha amiga que bateu a melhor foto de todas pifou no dia seguinte, e eu tive que pegar com um outro cara que por acaso estava filmando os fracos, apesar de o dele nem ter ficado poético. Assim, temos uma foto da foto, que dá para sacar a ideia e apreciar o momento. Um coração, mas minha nossa!!! E todo direitinho, e todo bonitinho! Deve ter sido algum aviso, uma mensagem subliminar do mundo para me dizer que, ei, você é amada, quem liga pra auto-estima?, apareceu um coração na sua experiência química!Outra foto para não duvidarem!

sexta-feira, 27 de março de 2009

As penas que aparecem na minha cama

Penas e dósEu fiz essa historinha há tanto tempo que nem me lembro, mas foi no ano passado ainda... e estamos em março. Como eu esbanjo eficiência!
Sabe, é engraçado, porque eu desenhei a lápis, deixei de lado um tempão, e só quando as penas pararam de aparecer que eu fui passar à caneta! E hoje, no dia que eu venho postar, apareceu uma. Eu nem vi, mas senti uma coisinha fazendo cócegas, procurei com os dedos e identifiquei.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Posso ouvir o vento passar


Tão encantador, fiquei apaixonadinha! Ainda mais que quero enveredar por esse caminho da Elétrica, energias alternativas, ecomagination! Me identifiquei.

sexta-feira, 20 de março de 2009

A escova não me alcança

Essa história já está ficando é cansativa, honestamente. Blablablá, estava em frente à TV vendo filme. Blablablá, fui comer algo, dei uma mordida em falso, senti algo esquisito, cutuquei com o dedo, TÓIN. Um pedaço do meu dente caiu.
Sei lá quando eu vou poder resolver esse problema, sei lá se meu dente vai continuar sendo colado e caindo pro resto da minha vida, meeeeu deeeus, teve um intervalo de três anos entre a quebra e a queda do dente, mas entre a queda e a queda segunda não se passou um ano!
Eu vou virar escrava de dentistas, socorro.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Improve everywhere!

Quando eu era criança e andava mais de carro do que de qualquer outro meio de transporte, achava todas as pessoas nas janelas do ônibus tão tristes! Não via nenhum sorriso, só caras emburradas, rugas na testa e páginas em branco. Oras, mas como é que se pode viver assim?
Respondendo a uma pergunta mais ou menos semelhante a essa, o Improv Everywhere nasceu. A idéia é trazer dentes a bocas e brilho aos olhos, tudo muito simples. Até mesmo uma expressão de espanto é melhor à neutralidade!
Pois uns estudantes de teatro se juntaram, bolaram um nome, se autodenominaram agentes e foram realizar missões. Deram uma festa de aniversário surpresa num metrô, atuaram um pedido de casamento pedindo ajuda a passantes, criaram um buraco no tempo, permitiram que um taxista ajudasse o amor a acontecer, entre outros que você certamente descobrirá clicando no link do site deles! Dá pra imaginar a reação de pessoas que de repente se pegam numa situação inusitada assim? Só lendo os relatos dos agentes mesmo!Happy birthday! A última missão me encantou completamente, porque as idéias são sempre tão criativas, tão únicas, que eu volto aos meus tempos de criança quando achava que não se tinha nada mais a criar, porque as melhores idéias já tinham sido pensadas. Umas pessoas vestidas especialmente para a ocasião, algumas plaquinhas indicando objetos de arte, um bar e uma violoncelista tocando música ambiente criaram todo o clima de uma verdadeira galeria de arte, só que numa estação de metrô, para todos aqueles cansados após um dia cheio, querendo apenas um banho e em seguida um sofá, ou quem sabe, UUH, uma mexidinha na vida? Os objetos de arte que eles criaram são incríveis. Apenas... a própria estação de metrô, sem nenhuma alteração, a vida em si.
Telephone Line (2002)Telephone Line (2002)
Convergence (1962)Convergence (1962)

As descrições das obras são engraçadíssimas, e te faz repensar o ambiente ao redor, rever o seu olhar do mundo. Achei particularmente amor o depoimento do Agente Gregor, que não traduzirei para manter a íntegra:
I was standing at the lock box by the underpass stairs when a guy came over and started looking at one of the art descriptions of the Paul Rudd poster. Strangely, when I looked over I realized he was a guy I’d known when I was 14 and hadn’t really seen since. We shared a strange “Oh, my god, what are you doing here moment,” and then he told me that he had literally just come from an art class where he’d gotten into an argument with a classmate over the question, “What is art?”

He walked into the station with that in mind, and so when he saw the exhibit it just made his week because it was exactly what the argument was about. He got almost immediately that it was supposed to be “clever” and wasn’t necessarily real, but liked it even more for that. We walked around looking at all the pieces, he cracked up at every one.
Não é legal como essas coincidências sempre acontecem, e nunca por acaso? As missões são cheias disso, comentários repentinos e engraçados de pessoas que nem imaginam que o que está acontecendo foi preparado especialmente para elas. Ahh, ler nos relatos entusiasmados dos participantes trechos de conversas sempre me faz perceber que a vida é, afinal de contas, ótima.
A missão anterior a essa deve ser a minha favorita, apesar de sua simplicidade e de todo o encanto das que eu citei anteriormente. Com a ajuda de pessoas segurando placas que formavam a mensagem “Rob wants to give you a high five! Get ready!”, o tal Rob saiu batendo palmas com duas mil pessoas numa escada rolante de uma estação de metrô, numa manhã repleta de mau humor.
Sorrindo depois de bater palmas com o RobBrilho depois de bater palmas com o Rob!Não me aguento com a alegria desse cara, puxa!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Chamam de vice-versa

Quando eu vejo filmes, cenas, instantes, e, ei, aqui eu estou incluindo a própria vida, e reparo numa situação desconcertante, rapidamente fico embaraçada pelos outros. Chamam de vergonha alheia.
Quando eu estou numa situação de tensão, nervosismo, eu e mais algumas pessoas, e essas pessoas rapidamente ficam angustiadas e aflitas, eu relaxo, respiro e permaneço alheia ao momento. Já tem alguém se preocupando, porque me dar ao trabalho?

segunda-feira, 16 de março de 2009

Estraaaanho!

O que eu mais tenho achado esquisito em não ir mais ao colégio e sim à universidade não é usar roupas da-cor-do-arco-íris no dia-a-dia, não é ficar sem ter aulas porque não tenho professor, mas sair todos os fins de semana para reencontrar os velhos amigos porque bate uma saudaaaade.
Rio das maiores besteiras, faço as piadas mais infames e canto, canto, canto. Sinal de que estou vergonhosamente à vontade.

sábado, 14 de março de 2009

Desvirando do avesso

Já faz um tempo que a TV daqui de casa quebrou, eu fui tentar ligá-la, não ligou, fui tentar mexer no negócio da TV a cabo, levei um choque! Fato é que tem chovido horrores, e aparentemente nosso aparelho é cearense com orgulho e não está acostumado a tempo frio. Assim, pifou e não ligou mais.
Hoje, depois de mais ou menos uma semana, sei lá, pomos a TV no carro e mamãe levou ao conserto. Eram onze horas da manhã.
Chegou lá, chamou um cara para levar o peso até o balcão, esperou, foi paquerada, outro cara chegou, ligou a TV na tomada e... CLIC.
Ligou.
Nas palavras do homem da loja, o passeio de carro ajudou a transmitir um calorzinho e fez o contrário do que as chuvas fizeram: consertou em vez de quebrar.

quinta-feira, 12 de março de 2009

De portas abertas para a gente se amar

Hoje de manhã, na aula de inglês, a gente conversava sobre bulls, Ilha de Marajó, bater e correr, até que a professora falou:
– Ahhh, mas é porque ninguém aqui é do interior, puxa, todos filhos do asfalto!
E ela estava tão pesarosa e tão certa de que viver na cidade era uma droga e uma perda de experiências, que eu, orgulhosa e feliz, não me aguentei:
Well, we have our own pleasures!
Ohh, yes, the internet, etc! – e revirou os olhos.
Quando foi de tarde, na aula de Introdução à Engenharia Elétrica, o professor, depois de muito falatório com pouco nexo, foi falar da Brasília. Eu não entendo de carros, não entendo de cães e não entendo de celulares, mas vou tentar repetir aqui o que eu lembro, então não é confiável, quem sabe ao menos apreciável. Foram seis anos até ela ficar pronta, e três até o protótipo ficar pronto. Era 1970, os criadores eram jovens, indomáveis, destemidos! E durante seis meses eles rodaram todo o Brasil atrás de falhas no carro. Todo e qualquer estado do Brasil, os vários climas, os vários buracos, os vários asfaltos, a quatro rodas, 183 dias no acelerador, muitas vezes no prego. O professor falou e foi só uma menção, nada exatamente notável. Para ele, que já visitou todos os estados do Brasil, todos os países da América Latina e 42 ilhas do Caribe! Da região Sudeste eu só conheço São Paulo, e do Nordeste só digo que conheço de verdade dois estados além do meu, paro por aqui. Então não deu pra não ficar imaginando e sonhando com o que esses caras fizeram numa viagem empolgante dessas, que deve ter sido um trabalho tão com cara de férias que resetou todo o nível de estresse.
Será que viveram episódios que depois repetiram e aumentaram várias vezes, em volta de uma fogueira e com um violão? E dormiram de luz acesa, porque não podiam apagar as estrelas, ou bateram numa porta e pediram Por favor, só um copo de leite que eu tenho problema de insônia, e acabaram ficando no quarto de hóspedes? Mas também podiam dormir no carro. Dar caronas! Colocar a cabeça pra fora, sentir o vento da autoestrada no rosto na velocidade que o test drive exigisse! Tomar banho de chuva em cima do capô, banho de sol, banho de lua.
Mas seis meses não passam de 24 semanas, e eles tiveram que voltar e dividir com o resto da equipe todos os problemas que descobriram no carro. Foi tanta complicação que ainda teve um monte de anos repensando o projeto. Para, no fim, como o veículo era inteiramente brasileiro e não devia nenhum royalty à Alemanha, ser cortado de produção e substituído pelo Gol, cuja criação durou incontáveis seis meses. Não teve bobagem de protótipo, não teve viagens loucas mundo afora, toda intempérie e desgaste foi simulado em computador.
Não é um papo céus-odeio-a-tecnologia-desligue-o-computador-e-vá-ler-um-livro, apesar de eu preferir os tempos em que havia bondes elétricos e a nossa televisão era a janela, mas...
Certo, é só um pouquinho.
Bom. Mamãe está querendo um carro novo e já tenho uma idéia de qual não será o premiado.

terça-feira, 10 de março de 2009

Perseguição

EduardoEu sou doida pra ter filhos e criá-los e amá-los, levá-los ao parque e contar histórias antes de dormir, e já pensei em seis possíveis nomes, três para meninas e três para meninos, meio a meio. Não conto aqui porque são tão lindos que eu sei que todo mundo vai se apaixonar por eles e tomar de mim (episódios de Friends traumatizam qualquer um!), e uma amiga minha mesmo já tomou um deles, e o fato é que eu tenho que arranjar um amor logo para engravidar logo e gastar esse nome de uma vez, antes que ela use e nós tenhamos que cortar laços.
Um deles eu vou contar porque é fato necessário à história: Eduardo. Eduardo. Edu. Du. Ahh.
Nunca tinha conhecido nenhum, assim, ao vivo, mano a mano, cara a cara... até esse ano.
Loucamente, existem três Eduardos na minha turma da faculdade.
E um Carlos Eduardo.
Nem tinha me ligado nisso quando saiu a lista dos aprovados, mas, na primeira aula de um professor que por algum motivo que é claramente conspirador se chama Eduardo, ele fez a chamada e ficou impressionado com os charás.
Duas amigas minhas têm pais que se chamam Eduardo.
E, passando da realidade à ficção, eu mesma já escrevi duas histórias com personagens de nome Eduardo.
Hoje eu tirei da mochila um caderno gracinha de Mansão Foster para Amigos Imaginários, mostrei a um dos Eduardos, e ele soltou:
– Você sabe o nome desse personagem?
– Já soube, nem lembro mais!
– Eduardo.
Doideira.
Assim. Dá pra acreditar? Sabe, é muito Eduardo pruma pessoa só, e eu nem sou maior de idade.

domingo, 8 de março de 2009

Pelo oito de março

Trapos & papéis

A melancolia do domingo

Rosa trabalha aqui em casa desde que eu tinha seis e ela dezoito. Fazendo as contas, ela tá perto dos trinta e eu, perto de alcançar a idade em que ela começou a trabalhar.
Durante muito tempo mamãe tentou incentivá-la a voltar a estudar (também não foi muito interessante quando eu superei o nível escolar dela e nós paramos de jogar baralho e ver novelas juntas) e só conseguiu há uns dois anos, desde quando ele não tirou férias, por causa das greves loucas da escola.
Esse ano chegou, ela passou direto em tudo, enfim pôde tirar férias, e mamãe e eu ficamos só na casa. Começamos a fazer nossar próprias refeições, inventar na cozinha, tirar o nosso próprio lixo e mais um monte de atividades caseiras. É tão bom! De vez em quando dá uma preguiça, mas eu me sinto tão livre, em saber que eu estou cuidando da minha própria casa, de mim mesma, que afinal isso é a independência.
Só que férias de Rosa acabaram e ela volta amanhã. Fim das dancinhas em frente à pia, do cuidado em não jogar os restos de borracha no chão, da leitura solitária sem forró de trilha sonora.

terça-feira, 3 de março de 2009

Lava outra, lava uma

Já virou um ritual: eu coloco as músicas da vez no pendrive, ligo no som de mamãe, que fica na cozinha, e me ponho a lavar a louça, aproveitando para cantar e rodopiar loucamente. Aí eu escovo os dentes e vou dormir.

domingo, 1 de março de 2009

On the road

Galinha choca– Você consegue?
– O quê?
– Ver coisas em nuvens.
– Ah, consigo!
– Eu não...
– O legal é porque o carro vai andando e as formas vão mudando, então dá sempre pra encontrar alguma coisa!
– Eu nunca vejo de primeira, aí fico procurando e sinto que tô trapaceando...
– Ei, vocês duas! Olhem que pedras lindas!
– Sim!
– É como se tivessem caído do céu, né? Não me surpreende que todo mundo ache que tem a ver com alienígenas.
– Uau!
– Aquela ali parece um rosto! Vê só o nariz!
– Bom, nas pedras você consegue!
– O quê?
– Ver coisas.
– Puxa! Eu sou uma legítima cearense.