domingo, 22 de maio de 2011

Em busca de catchup

Fomos a essa festa a fantasia num cinema pornô, e na volta Rachel queria porque queria um pouco de catchup para colocar na lasanha que nós tradicionalmente comemos quando chegamos em casa. Ela sempre reclama que nunca tem catchup na minha casa, mas isso é porque ninguém come catchup aqui em casa, se fosse ter seria só pra ela. Assim, 5 da manhã subimos no táxi e imploramos por um supermercado 24 horas no caminho de casa.
A primeira opção, na grande avenida que dá no meu prédio: fechada.
No caminho para a segunda opção, uma pequena padaria, quase abrindo: mas só abriria mesmo às 6.
A segunda opção, ao lado da rodoviária: fechada. O taxímetro já ia nos 15 reais, então desistimos e concordamos em voltar pra casa.
A poucos quarteirões de casa, o taxista apontou o Agostinho, um mercadinho que tinha costume de abrir cedo. Mas ainda não tinha aberto. Algum tempo depois, estávamos fazendo o retorno por debaixo do viaduto para logo chegar no meu edifício, e então a surpresa: a lanchonete esquisitíssima embaixo do viaduto perigosíssimo estava aberta! Desci com minha pintura borrada e a trança desfeita e pedi um pouco de catchup, eu pagava. A mulher só tinha no frasco, mas colocou num copinho de café e não cobrou nada. Voltei para o carro e satisfeitíssimas continuamos no caminho de casa. Na pracinha a um quarteirão de casa, todas as lanchonetes abertas!!! Fechamos a corrida, o taxista maravilhoso arredondou os 21 reais para 20 e Noite e Cinderela ficaram a pé. Consegui uns dez sachês no quiosque e finalizamos o percurso andando pelo bairro silencioso.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Nunca me considerei uma garota de espinhas

Eu demorei a ter espinhas. Mesmo no Ensino Médio, só no segundo semestre do segundo ano que elas foram estourar no meu rosto (várias de uma vez). Eu nunca me considerei uma menina espinhenta, mas ultimamente... parece que é a hora de se render. Eu tenho espinhas. E elas não param de aparecer. Eu vou ao dermatologista, eu uso remédios, as espinhas permanecem.
Eu tento não criar complexo, ser sempre superior a essa característica que agora é inerente ao meu ser (sem que eu nada possa fazer), o problema é quando alguém chega...
- Jana, tua pele melhorou!
- ...Você quis dizer que um dia ela esteve ruim?!
Na adolescência, eu não conseguia deixar a infância. Agora, aos 20 anos, eu não consigo sair nem da infância nem da adolescência.

sábado, 14 de maio de 2011

Paternidade silenciosa

Algo que, a cada ano que passa, me impressiona mais e mais e mais é como eu consegui escolher a faculdade certa pra mim. São tantos argumentos contra a minha escolha que eu não consigo nem crer que eu esteja vivendo essa realidade.
Quando eu era criança, eu queria ser caixa de supermercado. Ou escritora de livros. Ou taxista. Durante muitos anos, eu me decidi por jornalismo. Hoje eu estou estudando pra virar engenheira. Não tem ninguém na minha turma com quem eu divida o meu gosto musical, ou com quem eu converse sobre quadrinhos, e no entanto no Ensino Médio todas as minhas amizades verdadeiras foram aquelas com quem eu compartilhava o mp3 na hora do recreio. Eu nunca morei com o meu pai, ou com qualquer animal do sexo masculino (todos os meus bichinhos, eliminando um único jabuti, todas fêmeas), e fiz vestibular para um curso com menos de 10% de meninas. Eu nem gostava de física elétrica!
O que eu gosto de pensar é que eu fui muito extremamente maluca saindo da minha zona de conforto conscientemente justamente para... sair da zona de conforto. Simples.
Com meu pai não consigo deixar nada muito simples. A cada sessão de terapia paterna sinto apenas que todo o esforço em criar amor só trouxe desgaste e nenhuma gota de felicidade. Já vão anos desde o início da reconstrução da relação. E necas. Depois de tanto tempo me achando tão cheia de problemas de relacionamento, parece que eu enfim consigo gostar das pessoas pelo que elas são (e não pelo que elas gostam), mas nem isso é suficiente, nããão. Eu tenho que aprender a amar o meu pai. De graça. Tirar o amor do bolso. Como criar um amor por uma figura que não existe realmente para você? Por uma figura que você sequer consegue fazer existir? Eu não consigo amar meu pai porque eu não entendo direito o que um pai faz. Na minha cabeça, os pais são secundários, apêndices da mãe. Por que minha vida toda, esse meu pai foi menos do que um sombra. O que um pai faz? Ano passado, no dia das mães, pedi que mami me contasse a minha história de antes de eu nascer. Eu nunca tinha perguntado nada. Mamãe contou. É curioso como alguns acontecimentos da sua vida podem te completar tanto e trazer tanta serenidade e solidão, simultaneamente. Quando baixou toda a história na minha cabeça, me senti... tantas coisas. Tantas coisas que eu não disse pra ninguém e não tenho intenção de dizer em nenhum futuro próximo, porque são tão íntimas. Basicamente, fico me sentindo só, e me sentindo eu.
Estava cobrindo a segunda página do quadrinho quando mamãe chegou em casa. Comentou da minha mecha retocada com papel crepom e pegou a folha A4 pra ler. Eu disse que ela não podia ler, porque, apesar de nossa relação ser ótima, não tem muito diálogo de intimidades. Ela ficou manhosa e leu mesmo sem eu ter deixado, mesmo estando ao meu lado. Ela achou super engraçado. Eu disse "Mãe, é uma história triste e não era pra tu estar rindo." "É que eu não consigo acreditar que uma criança que é a Celina tenha tido a engenhosidade de chamar teu pai de babau!!!" E eu fiquei sem entender o que há de tão difícil em associar as duas figuras, porque para mim é praticamente uma metonímia.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sou o cão chupando manga

Eu cheguei naquele ponto do semestre em que TUDO me cansa. Estou fedendo a preguiça e fadiga. É uma vergonha, não estudo há semanas e mal consigo prestar atenção às aulas. Chego meia hora atrasada, durmo meia hora e não consigo entender como a aula ainda não acabou pra eu poder ir embora. Ou então, se for das aulas nas quais não tenho coragem de dormir, olho pro relógio de 10 em 10 minutos. É uma vergonha! São as disciplinas mais legais que já fiz a vida inteira, todos os professores são uns máximos, mas eu não consigo! Essa semana foi uma VERGONHA TÃO GRANDE. Faltou energia um dia e fomos todos lindos tomar sorvete, menta, moça bonita, capuccino, melão, cobertura de uva e kiwi. No dia seguinte, não teve aula à tarde e fui olhar roupas em lojas de departamentos. No outro, mexi em html e depois ajudei um amigo a escolher o presente de dia dos namorados. Hoje eu passei a manhã morgando em casa, algo que eu tinha até esquecido como se faz. E no entanto estou aqui... Só. O. Caco. Fico arrasada com a minha fraqueza, mas o que fazer? Às vezes a gente se cansa mesmo. E não há TPM que dure um mês para eu poder botar a culpa, meu inferno astral já foi minha desculpa de abril e agora não tenho explicação. Estafa, apenas. Me sinto desperdiçando um tempo precioso com o qual poderia estar fazendo coisas maravilhosas, mas simplesmente não consigo fazer nada!!! (A não ser que envolva o site do PET, jogar mahjong, papear papear papear e planejar minha fantasia pra festa de sábado.) Mesmo com a minha viagem me espiando de todas as esquinas, o que mais tem me empolgado na vida é a amizade que estou construindo com uma menina que virou minha amiga esse ano. Está tudo maluco!
A única vitória desses 5 dias de cão foi meu segundo 10 em Eletromagnetismo, VIVAAAAAA! Faltei morrer quando um amigo disse que o professor me elogiou em segredo. Tive que insistir um bocado até ele dar o braço a torcer e repetir o elogio. "Ele disse que tu era o cão chupando manga." "Bruno, isso não é elogio."