sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Pushing daisies

Sabe quando você é criança e cria as explicações mais esdrúxulas pras coisas que não fazem sentido comentar em voz alta? Lembrei de uma hoje: eu realmente acreditava que as mortes da TV eram reais.
Bala perdida, comida envenenada, pílulas a mais, eu sabia que não era por acaso, porque os roteiristas que planejavam isso, mas eu imaginava que, na hora de escolher o elenco, iam atrás de pessoas já dispostas a morrer pela arte, ou que estivessem com câncer, AIDS, dor de cotovelo. Aí elas morriam. Ou então usavam gente morta, defuntos, zumbis, corpos movidos por computador, microchips, controle remoto, telepatia! Quando tinha ao vivo no canto da tela, pronto: ninguém ali tava morto, todo mundo era merecedor do talento que mostrava e eu podia respirar sossegada.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Minh’Olinda é sem igual

Eu nunca tinha pensado no Carnaval como uma época mágica, disse minha prima num dos vários minutos que tivemos que aguentar, com prazer!, durante nossa viagem de volta de Olinda. Pois não é?
Na minha cabeça tudo se resumia a sítio, praia, matéria atrasada, amigos, filmes, todo o pacote de um feriado prolongado, e agora me sinto como se tivesse acabado de acordar de um sonho, quando as coisas não fazem muito sentido, nada parece realmente real e meus olhos doem – mas isso já é por causa da gripe.
Foi tudo tão maravilhoso, e eu repassei todas as coisas legais na minha cabeça tantas vezes, apesar de agora nem saber mais o que escrever ou contar de tantas alternativas, então o jeito mesmo é guardar no coração e ir me preparando pro ano que vem, pensando em fantasia, em gente pra alugar comigo uma casa por lá e com o frevo no pé. Ainda tenho que ser criativa, porque sabe aquela caixa de palitos Gina? Tinha uma dessas por lá. E dominós. E prostitutas muçulmanas, que cobriram tudo, cabelo, pernas, umbigo: menos os peitos. Eu de Jana é que não fiz nenhum sucesso!
Frevo, prostitutas muçulmanas e dominós!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Como se fosse mamão com açúcar

Eu acho a arte da culinária tão bonita. Diferente, verdadeiramente útil e, dã!, deliciosa. Eu queria ter talento, queria que minha família toda soubesse cozinhar, que nos encontros de família os cozinheiros fossem pra cozinha e começassem a picar, fatiar ou cortar em rodelas legumes e verduras, carnes e peixes para depois fritar, refogar, cozinhar, enquanto conversassem sobre os mais diversos assuntos, o balé de uma, o vestibular do outro, o livro de auto-ajuda do momento, o assado que tá no forno e certamente vai queimar se a gente não tirar agora mesmo, oh, não!
Mas utopia é utopia, e nos limitamos a comprar comida pronta e colocar na mesa. Alguns lavam pratos, outros lambem os beiços.
E, como nunca nenhuma habilidade culinária minimamente notável apareceu em mim e desisto fácil das coisas que não parecem promissoras, eu nem sei fazer arroz. Quer dizer, eu já tenho a maior dificuldade em acertar a quantidade de água e as colheres de açúcar de um suco, então, bom.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O primeiro dia sem férias

Ontem eu estava tão nervosinha, demorei pra dormir, até TV vi antes para ver (adorável repetição de verbos!) se me acalmava ou bocejava, mas não adiantou lá essas coisas.
Acordei e comecei meu dia na Casa de Cultura, tentando mudar o horário do Inglês, o que eu não consegui graças ao professor que faltou (viajou!!! Pode um negócio desses?) e à minha idiotice.
Voltei para casa num ônibus completamente lotado, com um trocador mais idiota do que eu que não quis facilitar a minha vida, e cheguei em casa bufando. Um tempo perto das xuxus e um copo de água de coco me revitalizaram, e saí de novo para comprar cadernos.
Só à tarde fui aparecer na faculdade, porque, infelizmente, esse horário de droga vai ser definitivo. Encontrei a sala logo porque já tinha estado lá, me sentei e esperei.
Esperei.
Conversei com a menina do lado.
Esperamos.
De vez em quando um veterano botava a cabeça pra dentro da sala e dava um sorriso maligno. Outra vez um menino desistiu de esperar pela aula (esse não é brasileiro!) e, assim que saiu e fechou a porta, houve essa EXPLOSÃO de risadas. Claro que era trote. Só podia ser trote. Veteranos na porta esperando que os bichos bobos saíssem da sala para tacar ovos, tinta e farinha. Na sala ficou todo um clima de tensão, em que estado estaria o cara? Quando seria a nossa vez?
– Se precisar, eu fico aqui até seis horas!
Eu olhei rapidinho pra janela, ah, dava pra abrir aqui e ali, dar um pulinho, escapar!
Uma hora um menino decidiu se aventurar (ou desistir?) e saiu para dar uma olhada, e os pedidos vieram logo:
– Você volta aqui pra gente ver como você ficou, hein!
– Melhor, passa atrás da sala, pela janela, que dá pra ver!
Ele foi, abriu a porta, sumiu por um segundo, voltou.
Não houve risadas, não houve tinta, não houve ovos.
Aparentemente, a risada de antes que coincidiu com a saída do cara foi apenas... coincidência. Chato, hein?
No final das contas não tivemos nem aula, nem trote, mas foi tudo tão legal que eu estou alegrinha. Ainda tô ansiosa e mais um monte de adjetivos, e provavelmente vou ficar assim até ter um trote tão ruim que eu morrer ou algo do tipo.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Sexta-feira 13


Comentários não exatamente interessantes, porém necessários:
1) Scanners são uma droga, desisti das páginas escaneadas e bati foto.
2) Eu não fazia a mínima ideia de onde era o auditório do Centro de Tecnologia e fiquei seguindo uns caras depois de ter descido do ônibus! Acabou que eles se dividiram, e eu escolhi um deles no uni-duni-tê. Foi na mosca!
3) A menina fashion estava com um par daqueles sapatos amores holandeses!!! Achei tão legal!
4) Parece que o cara do sovaco está me assediando sexualmente, hihi! Mas foi só odorantemente falando, felizmente. (Quantos -mente, eca!)
5) O último quadrinho, para os deslocados (e para mamãe, que precisou de altas referências até lembrar), é uma cena de Amélie!
6) Na prática eu uso óculos. Mas no meu coração minha visão é cem dólares!
7) AMANHÃ É O PRIMEIRO DIA DE AULA. Oi, nervosismo!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Coelhos & cartolas

Eu adoro alugar filmes ou mesmo vê-los no cinema sem ter a mínima idéia da história, ou da aceitação do público, ou do nome (hã?!). Não que isso seja algo comum, já que na fila do ingresso é sempre difícil conciliar que filme assistir, e acabo sempre recorrendo às sinopses e a um tom dramático cuidadosamente calculado (para desestimular os outros de verem os filmes que eu não quero ver, tão simples!). O problema é que, bom, eu já tenho 17 anos. Não vi muitos filmes na minha vida e nem tenho um conhecimento aprofundado, mas a presença de clichês neles já é tão clichê (rá!) que não fica muito fácil se surpreender! E eu gosto do novo, do difícil, do diferente, do moderno! Quero dar risadas como nunca dei antes, ou chorar um choro com uma sensação especial. Não preciso de rotina até mesmo na hora da distração!
Então que, com 17 anos, eu já tenho um pouco de ideia do mundo, das coisas que eu posso esperar, e isso é tão chato. Eu quero ser criança de novo, ficar sem saber que comer muito chocolate de fato dá dor de barriga, que a cada livro que leio descubro mais vinte que preciso ler, queria ter de novo aquele lindo amor de fazer as coisas pela primeira vez. Mas de novo pela primeira vez?
O jeito é pular as sinopses, não ter nenhuma expectativa e perceber que, puxa!, mas que história mais incrível!
Amanhã tem Coraline, o que é de tirar o fôlego, mas eu reli o livro um dia desses, não vai adiantar evitar a sinopse!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Não percebe o que tá na frente do nariz

Mamãe recentemente adquiriu esse hábito de dizer que tudo é estranho. Pede para eu procurar uma bolsa, eu não acho, ela não acha e pronto: Estraaaanho. E eu sempre retruco que não, mãe, não é estranho, a sua memória que não é das melhores!, e logo em seguida ela encontra a bolsa num lugar totalmente diferente.
Ela tem que entender que não pode sair por aí dizendo que isso, aquilo, oh, tããão estraaaanho, como se fosse algo repulsivo e não-bem-vindo em casa e na rotina, porque, bom, a filha dela é estranha.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A Outra

Janaína não é o que eu chamaria de nome comum, e até hoje o máximo que eu tinha chegado perto de outra foi no elevador do prédio da filha da irmã da minha mãe (ou seja: minha prima).
Ano passado, toda sapeca, em um dia que eu tinha chegado atrasada, a coordenadora veio perguntar o meu nome e teve que acrescentar um Janaína o quê? ao meu Janaína.
– Não precisa, eu sou a única do colégio.
Tão ingênua!
– Não, não, tem outra...
– Mas eu era a única Janaína da lista do sábado!
– Ah, olha tá aqui: ela é da UVC.
E assim eu fiquei sabendo da existência dessa menina que também era morena, também tinha cabelo cacheado e também ia prestar ITA.
Aí essa semana, uma bela semana de aulas num pré-curso que envolve todas as Engenharias, eu me descobri na mesma sala que outra Janaína. Na mesma sala que essa mesma outra Janaína! Eu, que nunca tinha nem falado com nenhuma, estive algumas carteiras próxima e no final da aula até perguntei onde tinha estudado. Os colégios bateram, as memórias bateram, e ela até confessou que estava me olhando com o rabo do olho!
Vamos ver se as conversas batem.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

E eu nunca fui assaltada

Em um bocado de filmes infantis que eu certamente não consigo lembrar, sempre tem aquele momento em que a criança tem que descobrir o mistério “com o coração”. Tem que ir à busca de algo sem saber o que é ou ter a mínima idéia, mas, assim que encontrar!, vai saber que é o que procura.
Eu tenho uma queda por essas partes. Adoro!
E, ao mesmo tempo, tenho o maior receio de que eu naquele papel seria incapaz de ter certeza. Assim que dissessem “quando encontrar, você saberá!”, eu já ia começar a surtar, porque como eu posso ter certeza absoluta de que vou encontrar? E se eu buscar, buscar e ficar sem achado, será que é mesmo porque eu ainda não topei com a coisa? Eu poderia muito bem ter deixado passar batido, nem olhado, nem notado.
O nome disso é insegurança, não precisa nem refletir, mas ter consciência nunca me ajudou muito a ter confiança.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Bzzzz!

Olha, olha, olha, visualzinho novo! Os dois últimos layouts foram bem humildes, então tive que me libertar um pouco dessa vez, e... saiu isso. Claro que é toda uma metáfora sobre como a nossa fala tem o poder da vida, mas nem se preocupem em captar o sentido da coisa, já que eu inventei isso agora mesmo. (!)
(Não sei o que falar, e nunca realmente sei, então, bom, fim!)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Na verdade é um comprimido

Sentei na TV atrás de algo bom e comecei a assistir um suspense (não, sem nomes para que ninguém reclame de eu ter contado o final do filme), tudo bem normal e tenso. Até que, bom, DE REPENTE, UUUH, ETS. Não, as crianças não tinham sido sequestradas, e sim abduzidas.
Opa, agora o cara também foi.
– Ih, mãe, agora o moreno também foi abduzido!
– Abduzido? O que é isso? É uma palavra nova pra mim!
(Como assim ela não sabe o que é abdução, né, século XXI, mas enfim.)
– Ele foi levado pelos ETs!
– Dão uma injeção nele e, pronto, ele vira ET, é isso?

O tipo de problema que vou ter esse ano

A UFC é doida. E ela nem tem dezessete anos como eu, então não tem um pingo de razão pra ser assim.
Hoje liberaram enfim os horários das cadeiras, de todos os 82 inscritos em Engenharia Elétrica, que, bom, deveriam ter sido 100, mas por um desconhecido motivo 18 pessoas desistiram. Foi o curso com maior número de desistências da faculdade!!! E eu que estava toda me gabando, “Oh, só o meu curso distribuiu um lindo jornalzinho que fala até dos projetos de intercâmbio, só ele distribuiu um papel com uma doce mensagem de boas-vindas, toda gracinha!”, agora não tenho mais tanto motivos, tenho é que me sentir desapontada com todas essas pessoas esnobes que torceram o nariz!
Então.
Hoje finalmente liberaram os horários das aulas! Eu acordei e fiquei meditando sobre o meu sonho (no qual eu era redatora do Omelete, mas o mundo ia acabar por causa dos meus amigos insatisfeitos com a reprovação no vestibular), até que me toquei de que hoje é segunda-feira, 2 de fevereiro. Dia de sair os horários! Dia de descobrir se a minha grade se encaixa ou não com o horário maravilhoso que eu consegui com a minha primeira colocação na prova de inglês! Dia de começarem as aulas das minhas amigas que tentaram Medicina, não passaram, e decidiram fazer cursinho em outro colégio! (Alguém conhece traição maior? Eu não.) Dia de também começarem as aulas da minha amiga e futura arquiteta! (Essa não é traíra, porque também vai fazer UFC comigo, UEBA!)
Enfim. Abri o site da universidade, corri para o Sofia (essa sigla para “Software de Informação Acadêmica” é muito, muito meiga!) e loguei com minha senha provisória. Uma das primeiras etapas exigia a criação de uma nova senha, e eu topei de braços abertos, porque “JANAINA” é uma senha um tanto óbvia. Deixa que: essa nova senha tem que ter números. Letras maiúsculas e minúsculas. Tudo bem alternado. E símbolos são uma boa idéia também, dar um tempero. Não é incrível como a UFC exige pouco de si mesma, mas dos alunos...? Ahhh!
Se todo esse processo de criação da senha não tivesse me marcado (e chocado!) tanto, eu teria um bocado de dificuldade de lembrar o monstro que bolei.
Mas o auge do dia de hoje é o fato de que os horários das cadeiras foram liberados! E toda essa ladainha aí em cima é para demonstrar a minha raiva por ter ficado à tarde. À tarde!!! Eu tenho problemas com horários e displicina, entende? Sou volúvel e sem força de vontade quando o assunto é tempo. E, pior de tudo, o primeiro lugar maravilhoso que eu tirei na prova de inglês não me adianta de mais nada! O horário que eu peguei, que só tinha uma vaga livre, foi às 16h. À tarde. Sem falar no menino resmungão da fila que ficou o tempo todo “É, vou ficar com o das 8h30. Infelizmente”, que eu sei que queria o meu horário porque me olhou pelo rabo do olho enquanto me perguntava “Você que tirou o primeiro lugar, é?” Ok, talvez eu tenha problemas com força de vontade em outros assuntos além de tempo, mas não vamos discutir isso.
O ponto é: estou me sentindo culpada agora! E, mais pior ainda do que tudo, se eu quiser um horário que se encaixe na minha grade, vou que ter que ir, no primeiro dia de aula, nas salas de aula dos horários que eu quero e oferecer uma troca amigável aos estudantes. É claro que o meu amiguinho vai estar lá, vai me reconhecer, e vai fazer a maior cara de indignado possível.
(Por mais que eu esteja realmente preocupada, é preciso admitir que esses dilemas de quase-universitária são muito mais divertidos do que os de uma vestibulanda.)