Chegando lá, expliquei minha situação: falta de apetite, preguiça em excesso, sono abundante, e o cara simplesmente disse:
– Mas isso é absolutamente normal! Ela é jovem, está de férias, tem mais é que aproveitar. Você acorda cedo nas aulas?
– Acordo.
– Pois durma à vontade!
Mamãe insistiu na comida que eu não comia, que meu pico era três sanduíches por dia, que há muito tempo eu não via a cara do arroz, não dava pra eu continuar desse jeito, eu ia definhar, e o médico deu uma sugestão muito efetiva:
– Faça o seguinte, sem tirar nem pôr. Compre umas correntes, uns cadeados, e tranque a geladeira, a despensa, o armário. Não deixe ela tocar em nenhuma das comidas, em nadinha. Aí você vai ver ela com fome, aí você vai ver ela lutar pra comer!
Mediu minha pressão, deu uma espiada na minha garganta, analisou minha respiração e quando foi checar meu peso, perguntou:
– Você se acha gorda, magra, como é? Você não quer ser que nem aquelas mulheres-palito da TV não, quer?
Por fim, uma curiosidade: estava pesando 59 kg, certamente o maior peso que eu já tive.