sábado, 15 de junho de 2013

Cama de casal para uma

Quando eu comecei a procurar um apartamento novo, eu tinha duas exigências maiores. Eu queria ter um apartamento fofo, que me acolhesse como eu sou e que eu pudesse acolhê-lo como ele é, feliz em estar ali e pronta para contruir um novo lar, ainda que temporario. Os arredores deviam ser seguros e, claro, o apê tinha que ser bem localizado. Mas mais do que isso, eu queria duas coisas: uma cama de casal e uma banheira. Achei algo mais caro do que eu podia pagar, pechinchei o preço e consegui o pacote completo, com alguns brindes. Tenho espaço na janela para meu vaso de flores, ouço os sinos da igreja, minhas cortinas são cor-de-rosa, as paredes do cantinho-cozinha são bordô. Tenho minha banheira. Tenho minha cama de casal.
O problema é que eu fico sem vontade de ir dormir se for pra dormir sozinha.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Saudade também existe em francês

Depois de dias, meses, anos, UM TEMPO INCONTAVEL, eu senti uma pequenina minima minuscula vontade de escrever. Da minha janela o céu esta de um azul belissimo e rarissimo, as casas tem chaminés e o pôr-do-sol ainda não caiu, mas o sino ja bateu as nove da noite. A contagem regressiva pra minha volta começou ha três semanas, quando eu e a minha ex-colega de quarto entregamos as chaves do lar dos nossos ultimos dois anos. Eu mudei para um apartamento, e a aventura de morar sozinha recomeçou: dessa vez 100% sozinha. Os amigos que serviam de familia se dispersaram pelo pais e pelo mundo, e de companhia me sobraram as cenouras e as minhas guirlandas.
Minha mãe foi, claro, a primeira pessoa a me mandar carta no novo endereço (ta bom, ta bom, tirando a companhia telefônica!). No meio das Frases Repletas de Letras Maiusculas, eu senti a saudade que ela sente. E senti falta de estar em casa. Em dois anos eu não senti tanta saudade assim. Eu vim porque eu quis e estava decidida a aproveitar o maximo que as minhas limitações me permitissem. Mas isso é porque eu sabia que eventualmente eu ia voltar, e agora dia 24/08 eu estou embarcando num voo Paris-São Paulo-Fortaleza de 19 horas. Sem passagem de volta.
Eu e meus amigos começamos a pensar em como vamos fazer com a bagagem de volta. Pelo menos três malas no avião, varias bagagens de mão, pombo-correio, barco, coruja de Harry Potter, teletransporte, ok. E onde a gente coloca tudo o que nos vivemos e apreendemos nesse tempo que passou tão rapido mas pareceu tão infinito? Fica no nosso cérebro, embrulhado nos nossos neurônios, incrementando a memoria e acrescentando novos itens na prateleira das coisas importantes. Festas tão longas como uma centopeia, experiências culinarias, fofocas, dramas, as viagens que nos nunca sonhamos fazer, muito alcool, muita neve, muitas risadas e muito amor.
A impressão que ficou é que eu sou a mesma de quando cheguei, mas com muito mais tristeza e alegria no coração. Ainda não acabou, mas o meu relogio biologico não para de tiquetaquear pra me preparar para o fim...