Sem pensar muito nem considerar o futuro grande arrependimento, decidi ir até o terminal (de ônibus), pegar o 30 e, assim que as linhas deles se cruzassem, descer e pagar outra passagem no 75, que me levaria direto à faculdade. Acabou que o negócio deu mais volta do que montanha-russa, e, a meia hora da hora da minha reunião, eu estava a uma hora de distância do campus. Meu ônibus parou num sinal e, para meu desespero, vi o 75 passar na perpendicular, onde o 30 iria dobrar.
Eu tinha planos de descer na parada seguinte para trocar de linha, sabe, mas com esse ônibus voando pela avenida, dá-lhe 50 minutos até chegar o seguinte.
Meu ônibus dobrou, eu fazia a maior careta, e acabou que conseguimos, eu, minha força positiva da agonia do eterno atraso e o motorista (ele também merece crédito, vai), emparelhar com o veículo desejado, e eu nem precisei gritar Siga aquele carro! Foi só os dois pararem para eu pedir pro motorista por favor abrir a porta, descer do ônibus e ver o 75 ir embora.
Ir embora.
Não deu outra, voltei e subi no 30 de novo, sim, pela porta da frente, por onde só deveria descer gente e subir idosos, o motorista berrou pra mim Minha filha?! como se eu fosse uma criança me divertindo acendendo e apagando a luz, eu disse que queria ter pegado o ônibus que tinha acabado de ir embora, o homem do lado riu.
Quando emparelhamos de novo, eu pedi de novo para o motorista abrir a porta, mas minha energia positiva vinha sendo drenada.
– Não vai dar tempo não.
– Não vai dar tempo não.
Foi o que ele disse, o idiota, e nem abriu a porta. Pela terceira vez os ônibus pararam juntos, e eu falei de um sopro para nem perder tempo:
– Dá pra abrir a porta de novo por favor agora vai dar tempo que eu sei desculpa o incômodo aí brigadão!
– Dá pra abrir a porta de novo por favor agora vai dar tempo que eu sei desculpa o incômodo aí brigadão!
Ele abriu, eu só fiz descer e bater desesperadamente na porta do ônibus seguinte, subi e foi um alívio.
Esse não seria o meu último ônibus, ainda tive que pegar o gratuito que circula apenas dentro do campus, e tive a alegria (bom, foi meu primeiro motivo de sorriso desde que pisei fora da casa onde dormi – uuuhhh) de ver, em terreno universitário, uma placa que dizia: VAGAS PREDEIRO. Em breve, fotos.