terça-feira, 19 de julho de 2011

Lar é onde seu coração está

Viajei a Brasília para tirar meu visto e quase deixava de ir pra França porque descobri na hora que tinha que pagar uma taxa de 115 reais: uma quantia muito acima do dinheiro que havia na minha carteira. Fiquei no apartamento mais acolhedor de toda a galáxia: dizer que ali eu encontrei um lar é pouquíssimo, porque eu encontrei incontáveis lares. Em cada pedacinho de espaço que você imaginar numa casa, a dona do apartamento tinha inserido uma casinha. De barro, de madeira, de pedra, outra de barro, madeira, pedra, metal, madeira, pedra, madeira... Todas lindas e doces, com flores, pessoas, janelinhas e cortininhas mínimas, telhados pintados ou ausentes, só para dar pra visualizar o seu interior. Na mesa do computador, outra mesa: muito menor, com uma cadeira de madeira e um gatinho, várias gavetas (abri todas) e alguns livros empilhados (que eu descuidadosamente derrubei atrás da mesa de tamanho real, a do computador, e tive que ruidosamente empurrar vários móveis para recuperar). Eram três: os volumes I, II e III de uma Enciclopédia do Amor, com recadinhos doces para preencher corações de todos os tamanhos.
O banheiro era do outro mundo, Mônica, a linda dona, emendou o quartinho de serviço para transformar numa banheira. Numa banheira. Uau. Eu fiquei me roendo de vontade de ir lá e tomar o banho dos deuses na capital desse meu país, mas já estava sendo tão intrometida ficando na casa de Mônica, que eu nunca vi, quando ela estava viajando pelo Rio que deixei para lá.
De Brasília fui pra Goiânia pro Encontro Nacional do PET (ENAPET), que foi muito melhor e muito pior que sua versão nordestina. Sem entrar em muitos detalhes, como uma pequena desorganização, o individualismo generalizado e a decepcionante conspiração final, valeram a pena: o frio de gelar os pentelhos, dormir em barraca (com edredom), as risadas das madrugadas, o encontro de engenharia clandestino e as discussões sociais.
Os SMSs que mamãe me manda também sempre me deixam feliz, tipo um dia de mensagens insistindo que eu comprasse o edredom (não dá pra imaginar o frio que passamos na primeira noite. No dia seguinte, um cara do Paraná nos pergunta porque não trouxemos cobertor. Resposta geral: "Mas nós não temos cobertor!!!!!!").
Filha, se agasalhe para nao adoecer. Use meia grande para dormir.Te amo
(quando eu disse que tinha feito frio à noite)

Compre sim, que aquece bem.
(quando eu disse que ia comprar edredom)

E aí? Comprou o edredom? Passeou?
(quando eu não respondi dizendo se tinha comprado)

Comprou o edredom? Beijos. Mami
(idem)

E a noite como vai se agasalhar
(quando eu disse que ainda não tinha comprado porque ainda estava no evento)

Que bom é se amar, se cuidar. Te amo mami
(quando eu disse que ia comprar na rodoviária, na hora do jantar)

Aproveite faca amigos conheca lugares
(quando eu disse que o evento estava legal)

Estarei la pra pegar cinderela.embalou edredom? Mami
(quando eu disse que chegava em Fortaleza à meia-noite)

3 comentários:

Gaba disse...

frio de gelar os pentelhos!
é o que vamos passar HAHAHA

as mensagens de sua mãe são muito parecidas com as mensagens da minha...cômicas não-intencionalmente. agora me divirto com os emails que ela me manda. :(

beijocas!

Ana Luísa disse...

Hahaha, que fofinhas as mensagens da sua mãe! *_*
E deve ter sido mesmo bem divertida essa viagem, nunca dormi em barraca!
=]
Beijos

Bruna disse...

Mãe tem o dom de alegrar o dia com sms não é mesmo? As vezes me surpreendo com as mensagens lindas que minha mãe me manda ;D
Viajar é sempre bom, eu amo, embora faz tempo que eu não viaje...
Beijocas Jana!