sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

E assim que dissemos tchau ele pegou o celular

O meu avô foi farmacêutico, tem depressão e um ano desses emprestou o nome para a farmácia da cidade onde morou para os filhos nascerem. Ele ficou oficialmente como sócio, mas nunca que ia visitar a tal cidade e deixa que a história deu para dar problema na justiça e agora querem fechar a farmácia de vez.
Um pequeno problema: numa situação dessas, as dívidas são divididas entre os sócios.
Ora, se o meu avô só deu o nome para facilitar na luta contra a burocracia, num gesto de bondade e gentileza, é claro que a família não pode aceitar uma história dessas! Então justamos duas filhas, a esposa, um neto e uma neta (eueueu!) e fomos para Pacoti de manhã.
Na viagem foram altas conversas sobre um certo Pequeno Hércules, babuínos, bambis, histórias repetidas, histórias de viagens, de veteranos idiotas, de risos. E aí nós chegamos.
É cidade pequena, casinhas coladas, fofoca grande, então decidimos perguntar ao primeiro folgado que apareceu onde morava o Edísio marido da Sara, o responsável pela farmácia. Ele sabia:
– Lá perto do cemitério.
Mamãe estranhou. Ela tinha morado naquela cidade, o encrenqueiro tinha dito que morava perto do hospital, mas esse cemitério era lá em cima, levemente longe de tudo!
– Tem certeza? Ele falou que morava perto do hospital! – perguntou minha tia, que estava no volante.
– Aham. Ele mora lá em cima pertinho do cemitério.
– O Edson! Que foi prefeito! – mamãe nem estava na conversa, mas estava achando tudo muito esquisito e se intrometeu.
– Esse é outro. A mãe dele mora aqui e a irmã ali – ele apontou para duas casas.
– E o Edísio?
– No cemitério. Mas ele não tá aqui não, ele trabalha em Guaramiranga como secretário de finanças.
– Valha! E a Sara?
– Tá em Fortaleza, foi fazer uma cirurgia. A empregada também não tá em casa.
– E como é que você sabe de tudo isso?!
– É que eu moro do lado da casa da empregada, aí a gente toma café junto.
No fim das contas, ainda ficamos sabendo de mais um monte de fofocas. O saldo foi: Sara está com câncer de mama, é nova, viajou pra capital para fazer uma cirurgia. É filha da Salomé, que é irmã da Ziza. A esposa do irmão do Edísio se chama Lavinha.
Como eu não tenho mais nenhum vestibular pra prestar, não preciso mais me preocupar em guardar ou não informação inútil na cabeça, ainda bem!

2 comentários:

Anônimo disse...

qual foi a moral da história?

Irena Freitas disse...

A única coisa boa de cidade de interior é que a vida de todo mundo parece muito mais interessante. Sempre tem história maluca sobre galinhas, o vizinhos cachaceiro e algum lobisomem.