sábado, 5 de dezembro de 2009

Chá de sumiço é culpa de bandidos

O que é esse sumiço, hein? Bom, er, poderíamos dizer que eu fui sequestrada. Isso, sequestrada, perfeito! Duvidam? Pois então porque será que, quando eu estava calmamente almoçando na cantina do meu bloco, mamãe se aproximou me assustando e chorando?
Sequestro relâmpago! Golpe! Mistério! Telefonemas!
Ligaram aqui pra casa por volta das onze horas da manhã, sexta-feira, não 13 mas 4. Rosa atendeu, mamãe estava na universidade, bem como eu, e, opa, a garota de vocês foi sequestrada, ela está no meu lado e vou matá-la se não me der dinheiro! Não preciso dizer que Rosa ficou apavorada, colocaram a menina para chorar e gemer no telefone, perguntaram o que Rosa era da família, insistiram que fosse pegar as joias da família porque só assim eu viveria.
Quando a insistência de Rosa de que não sabia onde ficavam as joias (“No guarda-roupa, Rosa, no guarda-roupa”, foi o que eu disse) e de que o guarda-roupa estava trancado (“Arromba, Rosa, por favor!”), pediram o celular de mamãe, e Rosa deu. Ficaram os três numa conferência, mamãe igualmente horrorizada, Rosa insistindo que eu estava muito, muito machucada e precisava de ajuda imediata, eles querem dinheiro, oh meu deus!
Felizmente quis o destino que mamãe não estivesse sozinha (e bastante disposta a se apavorar com Rosa) e sim com suas alunas vivas e espertas, que sacaram na hora o golpe. Aí a realidade bateu em mamãe, que tinha me deixado no meu bloco há pouquíssimo tempo, ela ia pra universidade, eu também, porque rejeitaria a carona? Foram me procurar na cantina e lá estava eu, comendo um salgado de queijo (como almoço) muito calmamente, apesar de estar um tanto preocupada com a prova de Química ao meio-dia.
Mamãe me abraçou, chorou, e depois foi confortar Rosa na conferência (“Rosa, está tudo bem, Jana está ao meu lado e eu já chamei a polícia”). Os golpistas se emocionaram tanto com o reencontro amoroso que desligaram para dar privacidade.
Abracei mamãe em choque e fui fazer minha prova, que foi decente, mas já soube que errei besteira.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu quase cai num golpe desses, mas desligaram na minha cara e retornaram... quem atendeu foi a minha mãe. Ela perdeu 50 reais.

Aí eu penso: perdi a emoção, mas não o dinheiro.

Anna Vitória disse...

Já passaram esse trote na minha avó duas vezes, coitada. Um deles, o primeiro, foi pura sorte, ela tinha acabado de falar com minha tia no telefone quando ligaram falando que ela havia sido sequestrada. Na outra, minha avó foi mais matreira e não deu confiança, logo ligou pra minha tia pra saber se estava tudo bem.
Fiquei com dó de sua mãe e de Rosa, magina o desespero!
beijos