segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Premiação da minha vida

Com tantas retrospectivas pipocando por aí, eu fiquei com vontade de fazer a minha. Juntei os livros que li lado a lado e consegui pensar em algumas categorias, mas fiquei sem graça sobre o que dizer (sou de exatas, gente, não sei organizar as ideias em frases coesas e bem estruturadas, isso se eu tiver a chance de ter ideias). No outro dia, estava contando um causo engraçado pra minha tia e percebi como aquele incidente merecia um troféu. Juntei dois mais dois, somei cinco e obtive nove categorias das melhores (ou maiores) coisas do ano.
Em um ano que não foi fácil e que terminou tão difícil, esse balanço deu pra ver que mesmo assim foi bom, que aproveitei como pude, e que sou uma eterna otimista.


Para um ano calmo e em casa, eu até que viajei bastante. Visitei cidades novas e descobri mais do mesmo. Munique foi um encanto (com o melhor museu que já visitei na minha vida), Buenos Aires uma revelação (alfajores e media lunas no café-da-manhã, e um diário de viagem ilustrado), São Paulo foi de saudade dos amigos, Maranguape reencontro com a família e a infância, Paulo Afonso foi a viagem acadêmica e maravilhosa (com hidrelétricas impressionantes e o querido Velho Chico). De todas, vou ficar com a Serra de Ubajara aqui pertinho. Ficamos numa pousada que na verdade era sitio, e possui sua propria trilha para uma belissima vista da região enquadrada pela Mata Atlântica, e deliciosas geleias caseiras no café-da-manhã (banana! cupuaçu!). As trilhas foram lindas, bebiamos agua potavel colhida da bica, passamos por detras da queda de uma cachoeira de setenta metros, e à noite... ah! Olhando o céu dava pra localizar mil constelações, e ver o esfumaçado da Via Láctea.


Era fim de outubro, fim de semana das fotos de formatura, no domingo fotos de branco na praia (com champanhe e letrinhas de EVA escrevendo ELÉTRICA UFC) e no sabado fotos no estudio (de manhã) e na frente da reitoria (à tarde). No sabado de manhãzinha, tomei um banho dos banhos, preparei o cabelo como nunca, mil cremes e massagens. Me maquiei com carinho e simplicidade, e coloquei argolinhas de ouro e brilhante. A camisa social branca tinha comprado na semana anterior, com uma textura delicada de tracinhos. Vesti meu terninho Zara e pra fechar coloquei um cinto preto que minha madrinha me deu, cujo fecho é uma pena dourada. Na hora do almoço, depois das fotos no estudio, decidimos ir almoçar juntos no shopping. Fomos todos vestidos chiques, e a opinião unânime era de que deviamos tomar muitissimo cuidado no almoço para não danificar o traje e as futuras fotos. Eu e meu amigo chegamos um pouco atrasados, deixamos os paletós no carro dele e encontramos um pessoal que ja comia na praça de alimentação. No caminho tinhamos decidido não pedir nenhuma comida com molho, para evitar qualquer tipo de acidente. Muito inteligentes, decidimos comer sushi, sem perceber que tem molho, sim, senhor, mesmo que acessoriamente. Quando expomos a decisão, uma amiga ja foi dizendo:
- Gente, cês sabem, né, molho shoyo ADORA camisa branca.
Ficamos igualmente brancos, mas na teimosa não vacilamos.
- Cuidado, porque o Abnadan aí, vejam só, já se melou.
A pessoa em questão estava comendo um hamburguer e tinha uma comprida gota de catchup na camisa.
- Caaaalma, gente! A gravata cobre! - ele pôs a gravata por cima, e cobria mesmo.
Pegamos nossos sushis e sentamos. Do meu lado, um menino que por segurança tinha vestido outra camisa social (azul) por cima da branca, de escudo.
Começamos a comer.
Bom.
No intercâmbio, uma amiga de descendência coreana me ensinou uma maneira otima de comer sushi valorizando o molho. Consiste em pegar o sushi com os hashis, mergulhar levemente no molho shoyo e em seguida virar o sushi de cabeça pra baixo para que o molho penetre bem no todo sem que ele fique ensopado. É uma técnica otima, que nunca tinha me causado problemas.
Até.
Ainda estava na metade do almoço, peguei um sushi, mergulhei levemente no shoyo e virei ele de cabeça pra baixo. Enquanto o molho penetrava, o sushi escorregou dos palitinhos. Mas ele não apenas caiu no molho. Eu consegui derrubar o sushi de tal maneira que ele caiu na borda do recipiente e catapultou todo o molho para cima de mim.
Pra cima da minha camisa social branca. Nova. Cara.
No busto, pela barriga, na manga toda, no punho.
No dia da sessão de fotos.
O menino do meu lado gritou e levantou rapidamente, mas escapou. Todos me olharam incrédulos. Eu, mais incrédula ainda. Ninguém tinha guardanapo. Não ia ajudar mesmo, então passei o resto do almoço no banheiro do shopping, onde tirei a camisa, lavei na pia com sabão e enxuguei na maquininha de ar quente pra secar as mãos, porque graças a deus não era papel. Salvei a camisa e as fotos sairam otimas, só não consegui terminar o almoço, e os rapazes devoraram os sushis restantes.


Comprei uma plantinha, mantive, e ela sobreviveu. Não foi facil, meu dedo não é verde, mas todo dia de manhã, junto com a agua das gatas, coloquei agua na minha roseira e agora ela dá flor toda semana e alegra minha janela. Com a vista pro Parque do Cocó, ela deve morrer de inveja da liberdade das árvores de lá, mas eu tento dar o meu máximo de amor e carinho pra satisfazer as suas necessidades.


Mais um ano se passou e não levei minhas gatas para se vacinar, não dei banho, não dei nenhum tipo de remédio. Tentando tomar alguma atitude, nesse finalzinho de dezembro, levei Nina no veterinário e ela fez até exame de sangue (um sofrimento!!! Sabe onde colocam a agulha em gatos? No pescoço!!! aiaiaiaiaiaiai), mas não voltamos para ver no que deu. Em minha defesa, elas estão muito saudaveis, com pelo macio que nem bumbum de neném, cheirosas como se tivessem acabado de sair de uma loja de perfume e nunca beberam tanta agua na vida, graças à...


Uma francesa que se hospedou aqui em casa nos deu a dica de colocar a vasilha d'agua das gatas em um aposento diferente da vasilha de comida, porque aparentemente os gatos não gostam de beber agua no mesmo cômodo em que comem. Durante esses 8 anos em que somos as solteironas dos gatos sempre surpreendemos as meninas bebendo agua em lugares inusitados como: a torneira do banheiro, o chão do box, a bandeja do filtro, o prato do vaso de planta, etc... então acreditei sem piscar e adotei a medida rapidamente. Agora todos os dias encontro a vasilha (que coloquei ao lado da minha cama) mais seca que o Cantareira e de vez em quando acordo no meio  da noite com os glub glub das meninas.


Nos mudamos e o apartamento novo não poderia ser mais delicioso, ventilado e ter vista mais linda (não é o mar, mas da pra ver uma pontinha dele). Infelizmente, trocamos o Bar do Railson por um buffet infantil. Poderia ser pior, mas não aguento mais ouvir a musica-tema da Hannah Boo Boo repetidamente a semana inteira. Felizmente, os aniversariante de dezembro estão em baixa, e estamos tendo um breve periodo de paz.


Essa foi uma linda surpresa! Passei boa parte dos jogos da copa na casa da minha tia, e se antes ficava irritada com a agonia e nervosismo da Safira, agora fico felicissima de pega-la no colo, fazer carinho e ver as patinhas dela tremelicando sem parar de alegria de ver gente! Quando assistimos TV ela vem e deita do meu lado, dorme quietinha e late de ciumes pra quem chega perto de mim. Miudissima pois é um pinscher tamanho zero, a Safi é pura fofura!


Reutilizei muitas receitas dos anos anteriores que permaneceram sucessos: o guacamole, a quiche de alho-poró, o melhor bolo de chocolate do mundo, os cupcakes de maçã. O sucesso em termos de prato salgado foi inegavelmente do yakissoba! Muito simples de fazer se você tiver os ingredientes em casa, que nem são dificeis: brocolis, pimentão, cebola, cenoura, camarão (ou frango ou carne), o macarrão japonês e gengibre, açucar, catchup, molho shoyo e molho inglês pro molho. Basta cozinhar o brocolis, fritar os legumes todos (inclusive o brocolis) e preparar o molho numa frigideira grande, cozinhar o macarrão e misturar tudo! (Existem versões mais elaboradas e verossimeis, mas a minha adaptação ja é bem gostosa.)
Como prato doce, ficam os maravilhosos cookies da Lucy, que são simplissimos de preparar também, o chato é so gerenciar as varias fornadas, porque a receita original dá bastante massa! Apesar da preguiça, eu nunca quis fazer uma fração da receita, porque isso significaria também menos biscoitos e menos delicias.


A minha vontade de aprender a surfar se mantém, mas a natação ainda precisa se consolidar. Enquanto isso, todo o meu amor fica para o pole dance! Tudo começou no final do ano passado com uma promoção no Barato Coletivo: 4 aulas durante 1 mês por apenas R$ 60. Eu e Carol fomos na graça, riso no canto da boca, curiosidade nos olhos. Terminou em paixão. É um esporte individual, então eu não me preocupo em estar atrapalhando ninguém com minha falta de jeito, tem aquele alongamento que me faz sentir bem e o grau certo de originalidade que eu gosto na vida. Cada aula e movimento novo que aprendemos vem acompanhado de fotos, roxos e orgulho. No studium, o clima é de leveza e companheirismo, todo mundo se ajuda, ri e brilha com a vitoria dos outros. Conto pra todo mundo, tem gente que me pergunta "Posso dizer que tu faz pole dance?", pode, pode sim!, não tenho vergonha porque não tem motivo pra ter. É maravilhoso e me faz um bem incrível, mental e corporalmente.
(A posição acima chama Yogini, e eu me seguro pelo braço e pela barriga!)

3 comentários:

Luisa Pinheiro disse...

Jana, sua retrospectiva (mesmo que não-literária) ficou demais! E olha nada a ver isso aí de ser de exatas e ALEGAR que não saberia estruturar suas ideias, que mentirinha!!!, seus textos são sempre muito fluidos e adoro o jeito que você escreve.

Ri demais do seu episódio com o sushi. O meu dia de tirar foto pro convite da formatura (felizmente não fomos de branco) foi trágico, odeio fotos, tava num bad hair day (sempre), enfim! Que bom que deu tudo certo com sua blusa branca no final das contas!

Suas viagens parecem ter sido ótimas (falando nisso, adoro a tua foto aqui do lado numa bicicleta) e amei a cachorrinha da sua tia. A verdade é que tenho um fraco por pinschers (sim!!! vai entender), amo todos mesmo que me odeiem e não parem de latir.

Ainda acho que você deveria escrever pelo menos sobre algumas leituras que te marcaram em 2014!

E ah! Você falou de camarão (?), eu achava que você era vegetariana! (?) (sim, já estou pensando no que vamos comer quando você vier pra cá porque sou dessas)

Respondendo o que você me perguntou lá no blog, anoto os livros que li a cada mês desde 2011 (desde meus 14 anos eu anotava por ordem alfabética, oi??? ahahhaa). Acho que comecei a fazer isso porque mamãe deu todos meus livros de infância, então não sei o que eu lia no começo da minha vida e não quero esquecer de leituras nunca mais!!

Não li ainda Na natureza selvagem (com certeza lerei agora em 2015), mas acho No ar rarefeito bem jornalístico (mas no caso eu amo isso, até porque né hahahah). Tem descrições bem longas, narrativas muuuito detalhadas, mas ao mesmo tempo tem uma explosão de emocões inerente ao texto porque o próprio Jon estava na montanha (e não estava sei lá no Alaska com o Supertramp... é esse o cara do outro livro né?) porque quando No ar rarefeito foi escrito não tinha passado nem dois anos do desastre e o trauma deve ficar por muito tempo, imagino.

Ele fala sim sobre chegar ao topo, mas pelo menos a impressão que ficou em mim é que é um objetivo meio superestimado. Afinal, o que dá prazer é completar o trajeto, não chegar ao topo mais alto do mundo (onde você nem consegue respirar direito, tira uma foto e logo tem que descer). No livro aparece muito como, no caso do Everest, o maior trunfo é VOLTAR VIVO (esse povo é doido), já que muita coisa pode acontecer na volta e não adianta nada chegar ao topo e morrer depois daquela forma horrível. Todas aquelas pessoas de quem falei no vídeo e morreram chegaram ao topo =(

Falei falei e acho que não disse nada? O que eu queria falar é que talvez no Everest chegar ao topo não seja TÃO incrível porque ainda se tem muito chão pela frente. Talvez eu tenha ficado com essa impressão porque os momentos do Jon no topo não foram assim tão maravilhosos (inclusive acho que foi lá que ele viu as primeiras nuvens que formariam a tempestade), mas imagina como deve ter sido praquele cara que tava tentando o topo pela segunda vez?? Sem contar que a vista é belíssima e eu teria um AVC ali mesmo porque tenho muito medo de altura.

Jana, por que você insiste em ler livros de autores aleatórios em francês??? Vai ler coisas no original tipo O fantasma da ópera!!! ahhahaha <3 Ou a Simone de Beauvoir! Terminei agorinha um livro dela que não recomendaria muito, mas a escrita dela é genial e O segundo sexo (?) deve ser demais. Também quero ler Minha querida Sputnik do Murakami, soube de várias opiniões positivas e me disseram que é um bom livro pra começar a ler as obras dele (não que a gente já não tenha começado, mas enfim)... Aproveito e pergunto, tem dicas de autores franceses contemporâneos?

Sobre Gabo, Memórias de minhas putas tristes é uma delícia, lembro bastante do "clima" do livro, mesmo tendo lido há algum tempo. O que eu quero ler agora dele era El coronel no tiene quien le escriba. Mas ele tem um livro de contos que eu li e adorei, que é La increíble historia de Candida Eredina y su abuela, alguma coisa assim, um dos contos inclusive dialoga com Cem anos de solidão!

beijocas e desculpa pelo comentário enormeee

Anna Vitória disse...

AMEEEEEEEEEEEEEEEEEEIIIIIIIII esse formato de retrospectiva, os desenhos, tudo! E concordo com a Lu sobre esse papo de humanasXexatas: seu texto é delicioso, não precisa ficar insegura! Fiquei curiosa para ler você falando sobre as leituras do ano!

Quase morri com esse episódio da camisa branca, meio que sentindo o que ia acontecer, porque essas coisas SEMPRE acontecem comigo. Inclusive no fim do ano rolou uma dessas, porque fui numa festa de ano novo antecipada e o ~dress code~ era branco, né. Só que eu fui comer antes de sair, uma bela MACARRONADA. Prevenida e sexy, sentei na mesa de sutiã mesmo, para evitar transtornos, e não é que, SABE DEUS COMO, a primeira garfada deixou cair macarrão e molho (muito molho) direto na minha saia branquinha? Fuéééén. Pelo menos você conseguiu limpar sua camisa no banheiro, eu tive que repensar a roupa toda hahaha

Sua experiência com a planta me deixou quase animada de ter uma jardineirinha na minha janela. Minha mãe ama plantas e, apesar de morarmos em apartamento, aqui é cheio de verde, vasinhos pra todo canto. De uns tempos pra cá tenho tido vontade de ter uma só pra mim e tals, mas tenho a mão tão ruim pra essas coisas. Será? Vamos acompanhar.

Menina, já morei perto de buffet infantil também e foi uma morte bem horrível. Sexta e sábado era puxado aguentar o barulho, #staystrong!

Enfim, adorei o texto e os desenhos, faça mais posts assim :)
beijos e feliz 2015!

Camila Faria disse...

Ai, que retrospectiva mais incrível! Devo confessar que senti uma pontinha de inveja dessa viagem para a Serra de Ubajara. Ando precisando TANTO de momentos como esses que você descreveu... calmaria, para resumir tudo numa só palavra.

Também fiquei encantada com essa dica da água para os gatos, vou repassar para todas as amigas gateiras que eu conheço. Sensacional.

Eu tenho dado azar com as plantinhas nesse início de ano. Acho que o calor está demais e as coitadinhas não estão dando conta... Mas não desisto delas, estou preparando uma operação resgate para o final de semana: terras e vasos novos, e novos locais menos quentes para as plantinhas mais frágeis. Vamos ver no que dá!

:)

Feliz 2015!