Esse mês comecei uma vida dupla, parte desumana, parte inexata. É exatamente tudo o que eu queria, conciliar meus gostos contrastantes, a arte e a matemática, mas, sem surpresas, na prática tem se mostrado um tanto desgastante.
Acordo cedinho para ir prum lado da cidade, saio antes da aula terminar para pegar um desses ônibus que só passam de meia em meia hora, chego atrasada aonde quer que eu esteja indo, mato mais de meia hora da aula jogando conversa fora. Nem exercitar e descansar (sim, ao mesmo tempo!) meus neurônios com cartas eu posso mais, já que foi proibido no campus. (Graças ao pessoal do pôquer e seus gritos de ganhos e de perdas que atravessavam paredes e janelas.)
Apesar de ser exatamente tudo o que eu queria, semana passada foi um tempo de adaptação e de dúvida, de cogitar desistir de uma metade minha, coisa louca de quem acha que devia querer morar embaixo da ponte. Só que eu não estou estudando pra ser engenheira apenas para ter confiança no futuro, tem toda uma razão que eu já estou desgastada de contar. E também tem o fato de eu achar a arte fútil. Eu gosto de ler, gosto de desenhar, gosto de apreciar imagens e momentos, sinto que tudo isso faz minha alma ficar mais ampla e bonita, mas o que isso faz com a realidade da minha cidade?
Ao mesmo tempo eu me sinto pra trás em relação a todas aquelas pessoas que estão estudando arte, que não precisam de máquina fotográfica pra registrar um momento, que pincelam, que grafitam, que superam o estado de amador, sem deixar de amar a arte. E me sinto mal, por querer tanto, ser tão ambiciosa em vez de aceitar que eu já estou pra lá de bem em um bando de sentidos.
Estou muito confusa, mamãe viaja e eu mal paro em casa. É bom porque não tenho tempo para me entediar, mas também fico ocupada demais para me inspirar e fazer arte.
5 comentários:
Jana, me sinto EXATAMENTE do jeito que você descreveu. No início pareceu um máximo conciliar Jornalismo com Design, mas agora estou começando a achar a idéia um tanto idiota. E muitas vezes também sinto que estou atrás dos meus colegas de sala metaleiros que fazem Design.
É uma sensação completamente estranha gostar tanto de algo, mas toda vez que chega a hora de ter aula daquilo você se sente complemente descolada. (Ok, fui confusa aqui, mas é que não sei expressar a sensação direito).
Mesmo assim, acho um pouco cedo pra nós duas desistirmos.
P.S.: não sabia que o pessoal de Artes Plásticas também é ouvinte de heavy metal. O pessoal de Artes daqui da UFAM tem cara de hippie.
Ai, eu sou assim tambem. Quero fazer de tudo, ao mesmo tempo, e no fim nao me dedico nem a uma coisa, nem a outra.
Por outro lado, acho que isso e' coisa que quem sonha e nao se contenta com pouco, sabe?! Se podemos fazer de tudo um pouco, por que nao? O dificil e' so' tentar conciliar tudo e achar um tempo pra se dedicar a cada um. Mas acho que esse e' tambem o desafio... Logo voce encontra uma solucao e, depois, vai perceber que nao precisaria deixar nada pra tras, pra que os outros sonhem teus sonhos e cumpram tuas vontades.
;)
Quanto ao teu comentário: nem tanto, sabe? Minha relação com a minha mãe não são mil maravilhas, mas a vida já é tão pesada, não metralharia a cabeça das pessoas assim, quer dizer, existem coisas melhores pra se falar.
E quanto ao post: desejo boa sorte, que você consiga conciliar as duas áreas enquanto gostar assim :)
Como assim? Proibir cartas na faculdade? Deveria ser crime uma coisa dessas! :)
Bjitos!
A ARTE É A UNICA COISA QUE NOS FAZ VERDADEIRAMENTE HUMANOS
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