Eu estava pensando que o dia de hoje foi tão legal que caberia perfeitamente em quadrinhos, talvez até duas páginas, só que daqui que eu faça o roteiro, desenhe, cubra e ainda vá ao trabalho de mamãe para poder escanear, já perdi a vontade de me expor mundo afora. Então o jeito é escrever mesmo e não me render a essa sociedade visual!
Primeiro: tive minha primeira vez de acupuntura e foi tão bom! Na verdade não foi só acupuntura, teve um shiatsu e uma massagem terapêutica também, para não deixar passar em branco. Relaxei, devaneei e me deixei ser furada. Algumas agulhinhas deixaram marcas, e a do pulso deixou uma dorzinha, mas moça falou que, apesar de de fato esse ponto ser meio sensível, pode desencadear um monte de coisa legal, tipo estabilidade emocional. E o que é que eu mais preciso a 17 dias do vestibular?
Voltei pra casa de ônibus e, só depois de um banho até demorado, saí de novo, dessa vez para a palestra da autora de um dos meus livros favoritos da lista do vestibular local:
O Mundo de Flora e Angela Gutiérrez, digo, o contrário! (Aqui vale acrescentar que vi passar vinte, 20, VINTE ônibus antes do meu chegar na parada. A vida é uma comédia!)
E foi tudo tão maravilhoso! A autora é ótima, deve ter a idade de mamãe, mas é super jovial, moderna, viva e provavelmente um mutirão de adjetivos ainda. Contou um monte de coisa legal, sobre a criação do livro, vivências dela, abriu parênteses, e eu poderia até dizer que 80% do monólogo foi de entrelinhas!
Bacana mesmo foi quando ela começou dizendo que sempre leu muito desde nova (e o que não é nenhuma supresa, porque o livro é uma pseudo-autobiografia, sei lá como definir) mas que não escrevia muito. (E abro um parêntese aqui como o que ela abriu e sorriu, quando se lembrou das primeiras histórias que escreveu, quando estudava no mesmo colégio que eu e o professor sugeriu que todos os alunos escrevessem um livro de dez capítulos! Riu, disse que tinha se esquecido disso, e que conversa maravilhosa que tava tendo ali, se lembrando de coisas há muito embaçadas, e fazendo um monte de inconfidências!) Aí continuou que, na faculdade, pediram-lhe que escrevesse um poema e um conto, pro dia seguinte! E na verdade nem usaram o verbo “escrever”, porque acharam que ela já tinha bastante material. Pois bem! Ela escreveu e deu para que publicassem numa revista. Nunca comprou o exemplar, por pura vergonha! Disse que, lendo como lia, tinha ficado com padrões muito altos, e achava tudo o que escrevia medíocre, ruim, e adivinha quem
só se identificou? Ahá! Exceto pela parte do “lendo como lia”, porque eu claramente não li nada ainda.
E no final teve filinha para ela autografar livros, e é claro que eu estava lá com o meu exemplar! Ela escreveu meu nome, assinou, tudo muito impessoal, com direito a “cordialmente”, e fiquei levemente magoada. Perfeitamente compreensível, eu sei, me acho uma pessoa madura, tá!, mas não posso nem negar que esperava que... vergonha de contar, então: censurado.